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EXPOSIÇÕES ANTERIORES

URDIDURAS

RITA DE SOUZA

02.08 - 30.08.2024

Curadoria Renata Santini

TEXTO CURATORIAL

RENATA SANTINI


A urdidura é a primeira série de linhas disposta de forma a receber o fio da trama, que a atravessa, arranjando-se em enredo. Termos comuns da tecelagem simbolizam também acontecimentos que compõem produções artísticas. Urdir é como tecer ou imaginar uma estrutura. De outro modo, a urdidura é a base que compõe uma imagem, que pode misturar matérias, elementos ou substâncias.


No processo artístico da mineira Rita de Souza, o desenho, a escrita e uso de referências têxteis, combinados com dados da cultura popular desempenham um papel tão efetivo quanto a urdidura na formação de um enredo: sustentam os motivos de suas presenças, através do ensejo de reflexão, como na manobra do jogo das “5 Marias não manipuláveis”, ou com a apropriação da Chita como artifício para repensar a gênese da cultura brasileira, questões de gênero e violência.


A artista apresenta pela primeira vez no Rio de Janeiro produções oriundas de quatro séries de desenhos, desenvolvidas desde 2018: “Além da Chita” (2020), “Tramas” (2021), “Viagem Pitoresca pelo Mercado Central de BH” (2018- 2020), “Fio Linha Borda” (2022) e “Reparar entre Linhas” (2023). Além dos desenhos, a artista expõe em instalação “Saias de Maria” e “5 Marias não Manipuláveis”, ambos de 2021.


Rita de Souza foi convidada pela Arte ConTexto (ISSN 2318-5538) para participar de um projeto em que associamos um produto à divulgação de trabalhos artísticos. Entrelaçada com a linguagem do desenho e as tramas dos tecidos, Rita concedeu um trançado com panos de Chita. A trança representada em desenho indicou no projeto a união entre pessoas por causas comuns. Rita e seu trabalho são exemplos de urdiduras que sustentam parcerias da Arte Contexto, com artistas e pesquisadores.


Amarrações, nós, tranças, manipulações, transferências de imagens, recortes, costuras e histórias estão enredados em desenhos refinados, na escrita, no jogo e nas memórias. Após um período de formação em História da Arte num país nórdico, Rita retoma referências de sua cultura originária. Questiona as tramas demasiado amarradas, alcançando em alguns pontos a soltura dos fios. Contudo, refaz conexões pelo caminho de um desenho apurado, compensando com costuras, como na série “Tramas”. Desse modo, Rita de Souza tece retomadas que tendem a desfazer amarrações estanques, para recomeçar de novo, pela primeira ordem de fios, a urdidura.

                                                                                                                               Renata Santini

VISTA DA EXPOSIÇÃO

VISTAS DA EXPOSIÇÃO

TENHO FOME DE LAMA 

COLETIVA 32 ARTISTAS

Curadoria Pedro Merat, Mônica Coster e Lena Amorin

19.07 - 28.07.2024

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TEXTO DIVULGAÇÃO

“Tenho fome de lama” é uma exposição composta por 32 artistas que pensam e ressignificam a matéria cerâmica. O título, extraído da peça Caranguejo Overdrive, de Pedro Kosovski, nos serve como ponto de partida para abordarmos duas formas usuais de se pensar a cerâmica: primeiro, como experiência sensorial, quase instintiva, que se dá no contato do corpo com a lama, evocando múltiplos sentidos através da experimentação; em segundo lugar, a relação histórica e social da alimentação humana com a cerâmica, expressa na ampla produção de objetos utilitários deste material. A partir desta tensão - entre a experimentação sensorial e a produção de objetos - a exposição, pretende questionar os clichês associados ao universo da cerâmica, apresentando uma produção artística contemporânea que incorpora o experimental ao utilitário e pensa criticamente a matéria cerâmica.

VISTAS DA EXPOSIÇÃO

PLANTANDO ESCUTA | Exercícios de Conversas e Cuidados

PRISCILA COSTA

05.07 - 28.07.2024

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TEXTO DIVULGAÇÃO

RENATA SANTINI

Priscila Costa (@priscilacostaoliveira ), é a segunda artista a ocupar o espaço expositivo –FeVra_Contexturas em arte, no piso superior do Recipiente Porongo. As exposições individuais fazem parte do programa de apresentações de artistas colaboradorxs da revista Arte ConTexto (@arte_contexto). Priscila publicou nas primeiras edições e mais recentemente, em divulgação de seu trabalho de coordenação do Podcast VER.SAR: Práticas Artísticas, Maternidades e Feminismos (@podcastversar), no qual mulheres são convidadas a ler outras mulheres.

Priscila chega quando me abro ao exercício da escuta e da conversa dentro de um espaço de arte. Na convivência temporária com os registros de suas ações e propostas artísticas, pratico o habitar dessas vozes no espaço, experimentando uma ocupação por escuta, profusão da conversa e observação. Exercito o regar das plantas que neste momento habitam bichos de pelúcia, e o caminhar entre os trabalhos, apresentando-os para aqueles que chegam ao Porongo. É uma excelente chance de entrar em contato com a produção de Priscila, que também recebe artistas, educadores e pesquisadores no Espaço Versar (@arteversar ) em Florianópolis, cidade onde vive e concluiu doutorado em Artes Visuais pela UDESC.

Na abertura e nos dias seguintes, Priscila popôs às pessoas a consciência da conversa e a ingestão reflexiva de palavras e termos, assumindo-os como brotos dentro de si. Exercício bonito registrado na abertura que deixo aqui como convite para visita à exposição PLANTANDO ESCUTA.

VISTAS DA EXPOSIÇÃO

PERSPECTIVAS PARA ALÉM DA VISÃO

MICHELE MARTINES

19.04 - 29.06.2024

Curadoria Renata Santini

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TEXTO CURATORIAL

RENATA SANTINI

O título da primeira individual de Michele Martines na cidade do Rio de Janeiro corresponde ao tema da 19ª edição a ser lançada em breve pela Arte ConTexto (ISSN 2318-5538). Perspectivas para além da visão inaugura –FeVra_ como ambiente expositivo e de contexturas, contemplando pesquisas, acompanhamento e formação de tramas de difusão no âmbito das artes visuais. Artistas colaboradores da revista poderão apresentar trabalhos e propor atividades. Para esta edição, contamos com a consultoria de Caue de Camargo, professor Dr. em Educação servidor do Instituto Benjamin Constant. Michele disponibilizará audiodescrição de cinco trabalhos, os quais receberão uma impressão tátil, além de contarmos com a transcrição das legendas para o Sistema Braille.

 

Pôr em desenvolvimento uma determinada cena, misturando realidade com figurações deslocadas de contexto, símbolos ou distorções faz parte do processo pictórico de Michele Martines. Alterações do que vemos podem ser amplamente exploradas em linguagens como a pintura, e as pinceladas sem empastes contribuem para a confiança na representação. Uma das salas exibe a série “Abuso!”, em que Michele investe na apreciação estética do corpo masculino. Pinturas com títulos de nomes próprios são expostos como se estivessem em uma prateleira de perfumaria ou bomboniere, com trocadilhos que remetem ao consumo. Michele se utiliza do “embaraço” que suas imagens causam desviando-se dos padrões de representação, em associação aos títulos que propõe.

Desde o início de sua carreira no Rio Grande do Sul, iniciada há mais de 20 anos, Michele emprega o recurso da apropriação e manipulação de imagens, partindo da pesquisa documental e da experiência cotidiana, captadas em registros com auxílio da câmera fotográfica. O espaço habitado, da casa aos lugares de passagem e convívio urbano, alternam-se em cenários que combinam elementos de peças publicitárias ou lugares frequentados usualmente pela artista.

A “Casa de papelão” instalada por uma moradora de rua é trazida ao interior da casa da avó da artista, numa ambientação naturalizada esteticamente, envolvendo ações cotidianas. Em outra assemblage, essa pintura se encontra em um canto com sofá no Recipiente Porongo. Já em “Horizontes”, a padronização das construções na urbe se apresenta em figurações simplificadas, como os códigos de barras ou grandes caixas projetadas para durar pouco. Tais elementos contrastam com a presença ainda imponente dos morros em uma extensão de vista desejável, tal qual os mobiliários urbanos obsoletos, como “orelhões” e casas antigas fadadas à ruína, e com o próprio ser humano, que segue atravessando códigos de barras e a influenciar a paisagem.

Um antigo hotel presente desde a fundação de sua cidade natal Montenegro é abordado sob diferentes pontos de vista, em um tríptico que envolveu a pesquisa documental sobre a aparência da casa e sua atmosfera em outros tempos. Sem desconsiderar as vidas invadidas através do extravasamento das ambições humanas, Michele traz à cena a figura de outros seres, como pássaros, peixes, felinos e plantas que tomam os espaços comuns numa harmonia desconcertante. Constatamos o crescimento vegetal sobre o mobiliário urbano, e a presença de animais que indicam a perseverança de suas existências, ainda que realizadas em situações de grande tensão, como nas enchentes do rio Caí, frequentes em Montenegro.

A presença dos montes na paisagem da pequena cidade é percebida em diversos trabalhos: lugares de interior, lugares da casa, a grande cidade. Em “Olhar afetivo”, “Tudo passa na volta do morro”, “Domingo”, e “Antigo casarão na beira do rio” é possível sentir através dos títulos uma abordagem silenciosa e demorada, tal como a sensação de ver ao longe um monte como Santa Vitória pintada por Cézanne ou o encadeamento de morros na Baía da Guanabara. Entre variações distanciais de perspectiva ou abordagens imaginárias, Michele nos oferece uma diversidade de modos de explorar assuntos cotidianos, como se a experiência de ver não bastasse, senão na companhia de fazer pintura.

​SÉRIE | ABUSO!

VISTAS DA EXPOSIÇÃO

BROTAR

COLETIVA

19.04 - 08.06.2024

Curadoria Shannon Botelho

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TEXTO CURATORIAL

SHANNON BOTELHO

Nascer é intransitivo, assim como o verbo. Catalisa uma grande carga de energia em um momento único, repentino, até que se encerre em si mesmo. Nascer é sempre passado ou futuro. Nascemos ontem ou nascerá amanhã, o agora é somente parte da espera. Brotar, por sua vez, é transitivo, assim como o verbo. Romper a superfície para tornar-se visível, mesmo existindo antes sob uma camada que impossibilita a descoberta de uma existência. Ou ainda, na linguagem popular, Brotar pode significar aparecer, comparecer a um lugar, a uma festa.

Hoje celebramos o Brotar de um novo espaço cultural na cidade do Rio de Janeiro. Celebramos o começo visível deste lugar que existia invisível, em projeto e sonhos que ganham corpo e se tornam visíveis para nós. Assim como cada trabalho apresentado aqui é resultado de uma pesquisa e dedicação dos artistas, o Porongo resulta da dedicação de Renata e Ariel e daquilo que depositam de esperança na arte e na cultura desenvolvidas na cidade do Rio de Janeiro.

Um porongo é um fruto que abriga muitas sementes, mas que sem elas é transformado em recipiente para muitos usos. As sementes de um porongo dão vida a muitos outros, estabelecendo um fluxo de continuidade de vida e mantendo o futuro como uma possibilidade. Nesta exposição cada um dos trabalhos ocupa o lugar de uma pequena semente que ao germinar passa a ocupar um lugar determinado no mundo e através de sua existência transforma o seu contexto. Brotamos todos juntos para que nossas existências sejam possíveis.

Ao todo, 30 artistas colaboram com este começo e depositam suas energias e pesquisas em forma de apoio a esta iniciativa tão especial e necessária. O grupo é composto por Aline Mac Cord, Amador e Jr. Segurança Patrimonial, Ana Klaus, Camile Soares, Cibele Nogueira, Cibelle Arcanjo, Edu Monteiro, Eloá Carvalho, Fernanda Sattamini, Gabriela Noujaim, Hugo Houayek, Ju Morais, Julia Arbex, Karin Cagy, Kika Diniz, Luanda, Marcelo Monteiro, Mariana Guimarães, Maria Baigur, Maria Palmeiro, Paloma Carvalho, Patrizia D’Angello, Rafael Adorján, Rafael Prado, Rafa Diås, Raul Leal, Stefanie Ferraz, Thadeu Dias, Ursula Tautz e Vanessa Freitag.

Quisemos que cada obra pudesse narrar a sua própria trajetória e estabelecesse um diálogo com as demais. Não foi construída uma narrativa curatorial estrita na escolha dos trabalhos. Assim como o germinar, não quisemos controlar os fluxos de escolha e oferta. Cada artista sugeriu um trabalho de sua predileção e os acolhemos. Verificamos, assim, nesta mostra uma expografia mimética do que acontece nas florestas e matas brasileiras, uma explosão de presenças diversas e exuberantes. A fim de celebrar este começo, brotamos no Porongo, com nossas germinações e presenças.

VISTAS DA EXPOSIÇÃO

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